terça-feira, 10 de agosto de 2010

Entre-Act

Cansei de informações empacotadas e armazenadas no ladinho "tanto faz" do cérebro. Toda aquela punhetagem intelectual alimentada a pão e circo - sem exageros - de palavras robustas e completamente sem retórica de porra nenhuma. Aquele rótulo inexistente de "vagabundo nato" que não se envolve com os tais mistérios, que narra o que simplesmente não viveu. Aquele que só sonha, mas tem medo de chutar macumba e acordar no outro dia com a boca cheia de formigas. Aquela velha estorinha de quem tem medo de gerar um universo e não conseguir carregá-lo, ou simplesmente ser seco ou tardiamente gélido a ponto de se jogar no buraco e não chegar ao fim dele. O melhor de gerar é ver nascer. Deixar morrer.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Até quando?

Santo hedonismo. Barquinhos de papel flutuando num doce mar lúdico. Barcos afundam, pessoas, planos, sonhos, medos - Afundam. O que te puxa pra baixo é a linha do destino, ou as famosas linhas tortas que Deus escreve nossas lascivas histórias. Nós somos artistas de circo: nos equilibramos na corda da vaidade. Sempre com o peso de quinhentos sonhos nas costas. Sonhos meus, sonhos teus, sonhos nossos. Carregamos toda a dor do mundo no umbigo. "A corrente se tornou mais forte que minhas braçadas." Todo esse álibi consolador da solidão que move São Paulo: o movimento. A calada das vielas, o cheiro das boites libidinosas. As milhares de putas que prometem amor por dois reais. Santo hedonismo! E eu morrendo por não cobrar nada.

domingo, 14 de março de 2010

quinta-feira, 11 de março de 2010

O Velho Flagelo Escrito

Eu tenho algumas chaves guardadas. Portas, caminhos, destinos, lugares. Guardo uma volúpia sufocante nos olhos. "Acenderam as luzes justamente quando eu ia lhe mostrar o infinito em brasas." A mágica do belo porra nenhuma. O mentor mata o leão a dentada mas sucumbe diante dos poderes de uma frágil costela. É essa (e tudo que houver around) a nossa arte. É o sopro do levante. O grande flagelo da massa. Essa é a saga da bucetinha gostosa que vos write. Eis o bruto - puro e unânime - bruto. Um deleite corporal ou uma gaveta velha? Dois peitões deliciosos ou uma bela merda de(mente)?
Que romantismo cruel! Minhas chaves guardadas cheiram a sexo, ao fogo de tudo que eu vivi. De punhetinhas dançantes a sexo selvagem num hotelzinho pulguento. De mordidas sangrando a bela cumplicidade de dois amantes. Da mais pura cafajestagem ao mais bruto sentimento de piedade. De vômitos na sala as flores que guardei na geladeira. Da mais deliciosa perversão ao simples nada. Do fogo ao vento. Do venha a nós ao vosso reino a explosão da carcaça. Devassa, lasciva. Eu - eu e eu - Mais eu.

retirado do meu ex-blog-que-foi-invadido :)

sábado, 30 de janeiro de 2010

Confissão

"[...]
não é minha morte que me
preocupa, é minha mulher
deixada sozinha com este monte
de coisa
nenhuma.

no entanto,
eu quero que ela
saiba
que dormir
todas as noites
a seu lado

e mesmo as
discussões mais banais
eram coisas
realmente esplêndidas

e as palavras
difíceis
que sempre tive medo de
dizer
podem agora
ser ditas:

eu
te amo."



Estranhamente, declaro: o poema é de Bukowski.